Hagazussa (A Maldição da Bruxa), é um filme alemão-austríaco de 2017 dirigido por Lukas Feigelfeld. Simplesmente um terror espetacular! Considero ele como o melhor filme da temática de bruxaria. Entretanto, preciso fazer algumas observações importantes, pois Hagazussa não é um filme para qualquer tipo de público!
Trata-se de uma obra para um público extremamente nichado, pois ele prevê que o espectador tenha um conhecimento prévio sobre Bruxaria (e estou falando de bruxaria de verdade — não estou falando de Wicca ou qualquer crendice que se popularizou nas grandes cidades — assim como conhecimento sobre Xamanismo, pois você verá muitos elementos ligados ao “xamanismo raiz” na história (também não confundir com o Xamanismo que vemos hoje em dia nos “grupos xamânicos de fim de semana”, também não é isso). Os elementos xamânicos e da bruxaria estão do início ao fim do filme!
Ou seja, o que estou querendo dizer é que é um filme que se você não tem conhecimento sobre estes dois tópicos, você provavelmente — diria até com certeza — não irá entender algumas cenas. E inclusive, lendo algumas críticas do filme pela internet, percebi pessoas dizendo coisas como “tem cenas que não fazem menor sentido”, e isso é um grande erro! As cenas são extremamente bem desenvolvidas pelo diretor e com ligações muito profundas com o “Oculto”! Vemos um desenvolver muito profundo da iniciação e encontro da personagem Albrun com o “sagrado”, no qual alguns chamariam não como sagrado, mas sim como “profano”.
Também vejo comentários dizendo como se o diretor quisesse “deixar coisas no ar” ou colocar para “livre interpretação” sobre a história ou determinadas cenas do filme, o que também é um engano por parte dessas pessoas! Tudo tem um sentido com o oculto. É o que mencionei anteriormente, se você não tem conhecimento ou iniciação nestes temas, você dificilmente entenderá o filme. Não adianta!
Falando agora de “partes técnicas”, Hagazussa tem uma fotografia maravilhosa, um cenário espetacular e que não poderia ser melhor, além de uma atuação excelente da atriz Aleksandra Cwen. O filme contém pouquíssimos diálogos, o que faz bastante sentido com a experiência e história do filme. Não se trata de um terror estilo “jumpscare”, então não ache que você vai morrer de medo ou ter sustos ao longo do filme, pois o intuito é impressionar, chocar e causar um desconforto com certas cenas. Ele é um filme estilo “A Bruxa” (The Witch), porém com muito mais profundidade e cenas de desconforto do que ele. Hagazussa é cinema na sua pura essência!
Dito isso, quem deve assistir esse filme?
Você está buscando ou gosta somente de filmes de terror com jumpscare, ou seja pra levar “sustos”?
Então esse filme não é pra você!
Você não gosta de filmes que não tem diálogos?
Esse filme não é pra você!
Você não entende minimamente sobre Bruxaria/Xamanismo tradicional?
Definitivamente esse filme não é pra você! O conhecimento prévio sobre o tema é uma parte fundamental para o entendimento da obra.
Você não gosta de ficar pensando sobre determinadas cenas de um filme?
Também não é pra você!
Se você não se importa em filmes com poucos diálogos, gosta de filmes de terror mais cult, entende de bruxaria/xamanismo e aprecia o cinema em sua essência…então esse filme você vai gostar e precisa ver!
Rafael da Silva Pereira nasceu em São Paulo, capital, atualmente cursa História pela Universidade Estácio de Sá. Fascinado pelo lado sombrio do horror desde muito jovem, encontrou no terror clássico sua principal fonte de inspiração — influenciado por obras cinematográficas como Halloween (1978), Sexta-feira 13 (1980) e O Massacre da Serra Elétrica (1974).
É autor do livro “Religiões UFO: ufolatria que invade mentes”, publicado pela Editora Cia do Mistério, onde investigou com rigor histórico e olhar crítico as manifestações religiosas ligadas ao fenômeno ufológico.
Além da escrita, Rafael também é divulgador científico e editor-chefe da Revista Giordano, dedicada à difusão da ciência com uma abordagem acessível e interdisciplinar.
Está escrevendo agora seu primeiro terror chamado “Bootzamon”, no qual Rafael dá voz às sombras que sussurram por entre milharais, casas e estradas de Black Hollow. Mais do que uma história de terror, este livro é um mergulho no imaginário de uma América rural marcada por segredos antigos, pactos silenciosos e um mal que nunca desaparece — apenas espera a próxima colheita.