Superman (2025), de James Gunn: o herói como símbolo de humanidade e esperança

Vamos falar de Superman (2025), dirigido por James Gunn, filme este que me deixou sem palavras ao sair da sessão de pré-estreia. Comecei o primeiro minuto do longa com um sorriso no rosto e terminei o filme com um sorriso tão largo que, até estando de costas, poderiam perceber. Que filme maravilhoso e que faz jus ao peso deste ícone dos quadrinhos e do cinema.

Referente às críticas que ele venha a receber e já está recebendo, percebo que tem existido uma crítica bastante positiva, seja pelos críticos de cinema, quanto aos fãs do Homem de Aço e do público em geral. Algumas críticas também tenho notado (em grande minoria), um tanto exageradas, seja puxando o filme para baixo ou então muito para cima. Calma, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Estamos diante do melhor filme de super-herói já feito? Não! Mas estamos sim diante do melhor filme já realizado do alienígena do planeta Krypton! Tendo os seus acertos e também alguns pequenos deslizes. Vamos ao que interessa e, claro, sempre sem spoiler algum!

Primeira coisa que precisamos ter em consideração é que James Gunn tem um grande acerto ao não querer criar uma história de origem neste filme, seja para o Superman quanto para os seus demais aliados ou vilões. Claro, você encontrará dentro de alguns diálogos ao longo do filme pequenas menções e explicações, mas o roteiro do filme não se baseia ou se propõe a isso. Afinal, qual seria o sentido de ser criado ou gasto um tempo de tela explicando a origem de uma figura que já é de grande conhecimento do público? Mesmo o público mais leigo e que não consuma o material base do herói sabe muito sobre a sua origem. Além disso, já ter sido explorado em outros projetos anteriores. Ao contrário de uma história rasa, Superman tem uma história de certa forma madura.  Com algumas coisas mais leves e simples? Sim! Até entendo que isso é bem necessário por conta do público infantil, que será um grande alvo, mas, acima de tudo, é bem maduro! Um ponto que retrata bem isso é a discussão geopolítica que o filme levanta, que não só retrataria bem uma realidade, mas tem características reais de conflitos geopolíticos atuais da nossa história. Sim, Superman é um filme político e tem que ser! Sempre foi. Entretanto, essas nuances políticas “atuais” são abordadas com uma roupagem evidentemente fictícia. O filme levanta questões muito necessárias para um público bem atento. Além da questão geopolítica em torno de Superman, temos também uma mensagem bem interessante e igualmente atual referente às fake news. Ou seja, temos uma obra que não somente é um “filme de super-herói”, mas sim algo que está totalmente conectado com os tempos atuais e aos fatos relevantes da sociedade. Uma outra grande sacada de James Gunn!

Segundo ponto que, logo de cara, eu já queria destacar, sendo ele o ponto que mais me deixou feliz em todo o filme de Superman, trata-se da figura do Krypto, o cão de Superman. Que figura maravilhosa! Julgo que o maior destaque e troféu desta obra de James Gunn seja a relação existente entre essa dupla. Krypto, neste filme, tem um papel muito importante dentro do roteiro, pois ele é um belo desafogo humorístico para a história. Isso de uma forma completamente natural, engraçado sem ser forçado. Ele será uma figura muito recorrente do início ao fim da trama, e lhe garanto que você irá gargalhar com ele em absolutamente todos os momentos que aparecer na tela. Ah, não se engane com o seu tamanho e com a sua possível aparência de “fragilidade”, pois estamos longe disso com o cãozinho vindo de outro planeta.

Antes de falar sobre os demais personagens, já tendo situado sobre o Krypto, é importante que eu fale do nosso personagem principal: Superman! Nesta obra, vemos um Superman bastante humano. Poderíamos resumir isso até numa frase recente do diretor James Gunn ao podcast DC Studios Showcase: “Não é sobre fingir que o mundo é bom. É sobre ser bom apesar do mundo. Clark escolheu acolher e amar as pessoas. E isso é o que torna tudo mais difícil.” Temos sim um herói com vulnerabilidades que vão muito além da kryptonita, e isso é inteligente e faz sentido com a ideia base das HQs, pois, por mais que estejamos falando de um alienígena com superpoderes, devemos nos lembrar que Kal-El veio para a Terra muito novo e viveu e vive entre nós como um “humano”. No entanto, sendo uma figura que carrega em suas costas uma responsabilidade gigantesca de ser a esperança não somente de Metrópolis, mas da humanidade. Aí, nessa figura humana do Homem de Aço, vemos um herói que tenta se firmar como parte da raça humana, mas, acima de tudo, querendo se provar para a Terra que ele é uma figura confiável. Isso porque, neste projeto de James Gunn, há uma grande discussão sobre quem realmente é Superman. Herói? Ou seria ele um vilão? Ele pode ser considerado um de nós? Existe um intuito de fazer com que a população reflita se ele é um salvador ou não. Entenda, isso não é um spoiler, pois vemos isso nitidamente inclusive nos trailers que saíram já há quase um ano. Também temos um herói bastante preocupado e focado com os problemas do mundo, por isso, adianto que a figura de Clark Kent, seja o jornalista ou então o filho, não é algo tão explorado assim. Justamente porque a preocupação dele é salvar as pessoas e demonstrar que ele é uma figura confiável, como já mencionado anteriormente. Ainda não sei dizer inteiramente se isso é algo positivo ou não, mas, de momento, eu diria que não vejo isso como algo tão negativo assim. Ou seja, não teremos tanto tempo de tela de um Clark jornalista trabalhando no Planeta Diário. Entretanto, isso não quer dizer que não teremos um estabelecimento de importância do Planeta Diário no enredo deste filme.

Sobre a atuação de David Corenswet como o super-herói, me surpreendeu bastante! Uma atuação muito competente e que consegue estar à altura da magnitude desse papel tão difícil. Ele encarna extremamente bem a figura do herói, seja com seu grande carisma, mas com uma atuação que consegue traduzir muito bem os momentos que exigem do personagem a raiva, dor, esperança, carinho, cuidado e preocupação. Não existiria uma pessoa que encaixasse melhor para esse papel do que o David.

Já que falei ainda há pouco do Planeta Diário, precisamos falar sobre a Lois Lane, que está muito bem interpretada pela atriz Rachel Brosnahan. A Lois Lane tem uma relevância muito importante nessa história, tendo um ótimo protagonismo, que, evidentemente, não irei detalhar por questão dos spoilers. Além disso, também julgo ser essa a melhor Lois Lane adaptada para os cinemas. Mas o que posso dizer é que ela tem um papel também muito importante dentro do roteiro, funcionando como um ponto racional e de equilíbrio das figuras de Kent e Superman.

Poxa, eu jamais poderia fazer uma crítica dessa obra sem citar um personagem que simplesmente não esperávamos nada, mas que entrega absolutamente tudo para o público! Estou falando de Sr. Incrível! Que atuação marcante e de grande destaque de Edi Gathegi! Se mais cedo eu disse que a dupla Krypto/Superman era um troféu desta obra de James Gunn, também podemos dar esse troféu para ótima construção e exploração do Sr. Incrível.

Lanterna Verde, interpretado por Nathan Fillion, também tem uma atuação muito boa e que merece ser elogiada. Em Superman, ele também servirá, em muitos momentos, como um desafogo humorístico na trama, porém nada forçado, pois isso faz parte da natureza deste personagem. Fiquei bem contente como retrataram extremamente bem o Guy Gardner dos quadrinhos, isso falando em todos os sentidos, seja em sua aparência, mas também na sua personalidade.

Agora, falando da Mulher-Gavião, interpretada pela Isabela Merced, vejo, de certa forma, como até um ponto baixo do filme, pois senti que ela tem pouco destaque, possuindo até pouco tempo de tela. Mas também não podemos tratar isso como algo condenável, até porque o filme é de Superman. Vejo que ela está ali nesta obra até para situar um futuro universo a ser desenvolvido pela DC. Ou seja, achei ela um pouco apagada? Sim, mas entendo que ela não é a principal da história. Mas fica aqui essa menção.

Metamorfo, cuja interpretação está a cargo de Anthony Carrigan, tem um início, diria até que um pouco bobo e superficial, porém consegue ganhar mais corpo ao longo da obra, tornando sua figura relevante neste enredo. Não vejo que tenha existido alguma parcela de culpa pela interpretação de Anthony Carrigan, mas sim como uma pequena falta de maior zelo pela construção inicial deste personagem por parte dos roteiristas. Achei bem mais ou menos, assim como a Mulher-Gavião.

Tem personagens que não vou abordar para não dar spoilers, mas seria impossível não falar de Lex Luthor. Gostei bastante desse Lex interpretado por Nicholas Hoult! Temos um Lex Luthor “maduro” nesse Superman de Gunn. Claro, com alguns tiques e trejeitos, que são característicos do personagem, mas temos um vilão bem construído e maduro, dentro de toda essa problemática geopolítica levantada neste filme. Temos alguns “exageros” nesse Lex Luthor? Sim, temos. Contudo, não de uma maneira caricata, como esse personagem já foi abordado em outras adaptações. Vejo um Lex Luthor bem fiel em sua essência base, sobretudo em sua personalidade. Também assino como a melhor interpretação de Luthor no cinema. Digo no cinema, pois sei que esse personagem já foi abordado em diferentes séries, por exemplo, Smallville ou Superman & Lois, mas seria incapaz de opinar sobre a figura dele em comparação com essas outras obras, pois eu não consumo nenhum tipo de série, pois meu foco sempre foi e será o cinema.

Opa, deixa eu citar rapidamente uma outra personagem que achei um ponto baixo do filme, sendo ela Eve Teschmacher, interpretada pela Sara Sampaio. Que personagem irritante! Ela se torna um outro foco humorístico, porém bem desnecessário, repetitivo, bobo e chato. Simplesmente não compreendi qual o sentido dos roteiristas colocarem nela uma certa relevância nessa história. Vejo que isso foi algo bem criticável e merecedor de atenção.

Agora, já quase chegando nas considerações finais, não poderia me esquecer de destacar positivamente os bons efeitos especiais, visuais e sonoros de Superman, além da sua excelente trilha sonora. A trilha sonora não supera a clássica do espetacular John Williams, mas David Fleming e John Murphy entregam sim uma trilha marcante e que faz jus à responsabilidade de um personagem tão querido e aclamado. Preciso fazer uma observação sobre o roteiro, há uma tentativa proposital de estabelecer um certo “caos” na história deste filme, onde muitas coisas estão acontecendo ao mesmo tempo, vejo que isso é proposital para nos dar uma sensação que o Superman precisa equilibrar diversos pratos ao mesmo para que não caiam, pois ele precisa ter a sua atenção voltada aos problemas que ocorrem não somente em Metrópolis, mas igualmente aos demais problemas do mundo. Ele precisa conseguir lidar com absolutamente tudo quase que num estalar de dedos, o que por um lado é bem fiel às HQs, mas em alguns momentos eu senti o roteiro um pouquinho perdido para onde ir. Mas não vejo como nada muito grave ou que diminua grandemente a qualidade da obra do James Gunn.

Pois bem, chegamos ao fim da minha extensa crítica. O que tenho a dizer é que a DC chega, aparentemente, bem forte com os seus filmes de heróis e estabelecimento do seu universo nos cinemas. Gostei muito de Superman e recomendo que você assista com toda a sua família. Certamente esqueci de citar alguns pontos aqui nessa crítica, mas também deixei muitas coisas de fora para não dar spoilers.

Uma dica: Ah, não se esqueça que o filme tem cenas pós-créditos. Fique sentado na poltrona e não saia antes de vê-las!

Se você viu Superman, por favor, deixe o seu comentário! E, se puder, compartilhe a minha crítica nas suas redes sociais. Uma ótima sessão para todos!

Veja abaixo o trailer oficial de Superman (2025), dirigido por James Gunn: