Desde seu surgimento nos anos 1950, o rock foi mais do que um estilo musical: tornou-se um movimento cultural, uma forma de expressão e, para muitos, uma filosofia de vida. Com raízes no blues, country e rhythm and blues, o rock rapidamente se estabeleceu como a trilha sonora de gerações que buscavam mudança, liberdade e identidade.
No entanto, nas últimas décadas, surgiram questionamentos sobre a relevância do rock na cena musical contemporânea. Com a ascensão de gêneros como o pop, hip-hop e música eletrônica, muitos se perguntam: o rock morreu? Para responder a essa pergunta, é necessário analisar a trajetória do gênero, suas transformações e o contexto atual da indústria musical. Perdão se parecer um pouco resumido, mas é praticamente impossível falar da trajetória do rock em uma única matéria, pois estamos falando de um gênero complexo, com muitas influências e muita história.
A ascensão e o auge do rock
O rock emergiu como uma força dominante na música popular a partir dos anos 1960. Bandas como The Beatles, The Rolling Stones e Led Zeppelin não apenas lideravam as paradas, mas também influenciavam comportamentos, moda e atitudes. O gênero se diversificou em subgêneros como o hard rock, punk, grunge e indie, cada um refletindo as inquietações e aspirações de sua época.
No Brasil, o rock também encontrou terreno fértil. Desde a Jovem Guarda nos anos 1960 até o movimento BRock dos anos 1980, com bandas como Legião Urbana, Titãs e Paralamas do Sucesso, o rock brasileiro expressou as tensões sociais e políticas do país.

Da esquerda para direita: o baixista John Paul Jones, o guitarrista Jimmy Page, o baterista John Bonham e o vocalista Robert Plant
O declínio nas paradas e a fragmentação do gênero
A partir dos anos 2000, observou-se uma diminuição significativa da presença do rock nas paradas musicais. Segundo dados da Billboard, a participação de bandas no Top 10 da Hot 100 caiu drasticamente, com menos de 8% dos hits entre 2018 e 2023 sendo de grupos de rock .
Essa queda pode ser atribuída a vários fatores. A fragmentação do gênero em inúmeros subgêneros diluiu sua identidade unificada, tornando-o menos acessível ao grande público . Além disso, a ascensão de gêneros como o hip-hop e o pop, que se adaptaram rapidamente às novas tecnologias e plataformas de divulgação, ofuscou o rock no cenário mainstream.
A resistência à inovação e o purismo
Outro fator que contribuiu para o declínio do rock foi a resistência de parte de sua comunidade à inovação. A cantora Pitty observou que o rock se tornou “muito hermético”, afastando-se das camadas mais populares e perdendo conexão com a contemporaneidade . Essa postura conservadora impediu o gênero de se reinventar e dialogar com novas gerações.
A era digital e as novas formas de consumo
A revolução digital transformou a maneira como a música é produzida, distribuída e consumida. Plataformas como Spotify, YouTube e TikTok democratizaram o acesso à música, permitindo que artistas independentes alcançassem públicos globais. No entanto, também criaram um ambiente altamente competitivo, onde a atenção do público é disputada segundo a segundo.
Nesse novo cenário, o rock enfrentou dificuldades para se adaptar. Enquanto gêneros como o pop e o hip-hop exploraram com maestria as possibilidades das redes sociais e do streaming, o rock, em muitos casos, manteve estratégias tradicionais de divulgação.

O rock no underground e a vitalidade do gênero
Apesar do declínio no mainstream, o rock continua vivo e pulsante no underground. Bandas como King Gizzard & The Lizard Wizard, Wet Leg e Sam Fender têm explorado novas sonoridades e conquistado públicos fiéis. No Brasil, grupos como Scalene, Supercombo e Far From Alaska mostram que o rock nacional ainda tem muito a oferecer.
Além disso, o TikTok tem desempenhado um papel inesperado na revitalização do gênero. O sucesso da banda italiana Måneskin, impulsionado pela plataforma, demonstra que há espaço para o rock nas novas mídias .
Afinal, o rock está morto?
A resposta é não. O rock não morreu, mas passou por transformações profundas. Ele deixou de ser o gênero dominante nas paradas, mas continua a inspirar artistas e fãs ao redor do mundo. Sua essência de rebeldia, autenticidade e experimentação permanece viva.
Para que o rock continue relevante, é necessário que artistas e fãs estejam abertos à inovação, dispostos a dialogar com outras linguagens e a explorar as possibilidades oferecidas pelas novas tecnologias. O futuro do rock depende de sua capacidade de se reinventar sem perder sua identidade.
Em um mundo em constante mudança, o rock tem a oportunidade de se tornar novamente uma força transformadora, desde que abrace a diversidade, a criatividade e a coragem de desafiar o status quo.

Rafael da Silva Pereira nasceu em São Paulo, capital, atualmente cursa História pela Universidade Estácio de Sá. Fascinado pelo lado sombrio do horror desde muito jovem, encontrou no terror clássico sua principal fonte de inspiração — influenciado por obras cinematográficas como Halloween (1978), Sexta-feira 13 (1980) e O Massacre da Serra Elétrica (1974).
É autor do livro “Religiões UFO: ufolatria que invade mentes”, publicado pela Editora Cia do Mistério, onde investigou com rigor histórico e olhar crítico as manifestações religiosas ligadas ao fenômeno ufológico.
Além da escrita, Rafael também é divulgador científico e editor-chefe da Revista Giordano, dedicada à difusão da ciência com uma abordagem acessível e interdisciplinar.
Está escrevendo agora seu primeiro terror chamado “Bootzamon”, no qual Rafael dá voz às sombras que sussurram por entre milharais, casas e estradas de Black Hollow. Mais do que uma história de terror, este livro é um mergulho no imaginário de uma América rural marcada por segredos antigos, pactos silenciosos e um mal que nunca desaparece — apenas espera a próxima colheita.