Até que enfim podemos dizer que temos um bom filme de terror no ano de 2025! Claro, tivemos também “Pecadores” dirigido por Ryan Coogler, mas não sei se colocaria nesta lista, pois vejo que “Pecadores” tem o terror como uma das suas roupagens, porém não o tem como seu principal gênero, pois foca bastante mais no drama, musical e na ação. Sendo assim, podemos dizer que “Faça ela voltar”, até o mês de julho de 2025 é o melhor filme deste gênero.
“Faça ela voltar” (2025), dirigido pelos irmãos Danny e Michael Philippou (conhecidos pela direção de “Fale comigo”) e produzido pela A24, é o primeiro bom filme de terror que vejo neste ano! E olha, posso dizer que foram vários filmes que vi e todos sendo uma completa decepção, mas infelizmente isso tem sido uma constante para fãs deste gênero tão apreciado. No entanto, posso dizer que valeu a pena esperar tanto tempo por algo bom e criativo! Aqui neste filme temos terror, drama, possessão, o luto de uma maneira obsessiva, aspectos de culto (seita), além de terror psicológico. Tudo isso abordado de uma maneira sem soar ou parecer genérico, pois como sabemos, esses aspectos citados anteriormente já foram abordados em demasia em diferentes filmes. E diria que em sua grande maioria das vezes de uma maneira bem rasa, repetitiva, sem criatividade e com pouco impacto.
Entretanto, esse não é o caso de “Faça ela voltar”. Neste ótimo trabalho dos irmãos Philippou, todos estes elementos são bem construídos e explorados ao longo da obra, tendo bastante impacto e diria que sendo bem perturbador.
Falando um pouquinho da premissa deste projeto, mas sem dar spoilers, posso dizer o seguinte:
“Faça ela voltar” (2025) mergulha no universo do terror psicológico com uma premissa simples, mas bem angustiante: após a morte trágica de sua filha, Laura (interpretada por Sally Hawkins) descobre a existência de um ritual obscuro que promete trazer a sua filha de volta, mas a um preço bem caro e incomum. Para isso, a personagem adota um casal de irmãos (interpretados por Billy Barrat e Sora Wong) para viver numa casa praticamente isolada. Conforme a história avança num caminho de dor e desespero, os limites entre realidade e alucinação se distorcem, revelando que há forças muito mais antigas e cruéis do que o luto pode suportar. É um terror sombrio sobre culpa, obsessão e o horror de não conseguir deixar o passado descansar.

Destaco como pontos positivos desse longa: um roteiro muito bem escrito, maquiagem bem competente, uma escolha inteligente de um único ambiente como um local de opressão e de tensão, sendo este ambiente a casa. Além disso, excelentes atuações de todos os atores, mas tendo um grande destaque para as duas atrizes: Sally Hawkins e Sora Wong. Duas atrizes com atuações extremamente convincentes, sendo que Sora Wong interpreta uma personagem com deficiência visual, e o que poucas pessoas sabem é que ela realmente tem problemas visuais, pois a atriz sofre de coloboma e microftalmia (uma condição que faz a pessoa apresentar visão reduzida, deformações visuais e, em casos graves, até cegueira parcial ou total). Ou seja, por conta disso, temos uma atuação que convence realmente o espectador e lhe faz se sensibilizar com a personagem.
Esse filme tem cenas que realmente são bem perturbadoras e tem como intuito não somente chocar, mas consegue nos prender e nos envolver com a história.
A única observação que gostaria de fazer trata-se do desfecho desta obra. Primeiramente gostaria de mencionar que o final não é ruim, mas na minha opinião, ele poderia ter mergulhado de cabeça e abraçado de vez o obscuro e o sobrenatural, mas entendo e respeito a preferência dos diretores em manter os pés mais na “realidade”. No entanto, acho que o outro caminho poderia ter chocado mais o espectador, por justamente propor um final um tanto quanto inesperado. Entretanto, essa observação que faço trata-se mais de uma opinião pessoal, mas acredito que outras pessoas também pensarão da mesma maneira.
Dito tudo isso, “Faça ela voltar” é um ótimo filme e até então o único filme de terror que recomendo neste ano de 2025. O longa já teve sua estreia nos EUA e Canadá, creio que na Europa também, mas chegará aos cinemas brasileiros e nos demais países da América Latina somente no dia 21 de agosto!
Super recomendo que assistam nos cinemas sem nem pensar duas vezes!

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Rafael da Silva Pereira nasceu em São Paulo, capital, atualmente cursa História pela Universidade Estácio de Sá. Fascinado pelo lado sombrio do horror desde muito jovem, encontrou no terror clássico sua principal fonte de inspiração — influenciado por obras cinematográficas como Halloween (1978), Sexta-feira 13 (1980) e O Massacre da Serra Elétrica (1974).
É autor do livro “Religiões UFO: ufolatria que invade mentes”, publicado pela Editora Cia do Mistério, onde investigou com rigor histórico e olhar crítico as manifestações religiosas ligadas ao fenômeno ufológico.
Além da escrita, Rafael também é divulgador científico e editor-chefe da Revista Giordano, dedicada à difusão da ciência com uma abordagem acessível e interdisciplinar.
Está escrevendo agora seu primeiro terror chamado “Bootzamon”, no qual Rafael dá voz às sombras que sussurram por entre milharais, casas e estradas de Black Hollow. Mais do que uma história de terror, este livro é um mergulho no imaginário de uma América rural marcada por segredos antigos, pactos silenciosos e um mal que nunca desaparece — apenas espera a próxima colheita.