Invocação do Mal 4: O Último Ritual (2025) – Sem impacto e nada criativo

É inegável e indiscutível a importância que Invocação do Mal (2013) tem para o gênero de terror. Isso porque o gênero carecia de algum grande filme, pois vinha com filmes bem em baixa, mesmo os de grandes franquias que carregavam nomes de peso, tais como: Sexta-Feira 13 (2009), A Hora do Pesadelo (2010), Halloween (2007), O Massacre da Serra Elétrica (2006) e etc. Filmes estes que tiveram seus remakes/reboots, mas que receberam críticas negativas de mídias especializadas ou do próprio público. Invocação do Mal então vem como uma proposta que já tinha feito sucesso nos cinemas nas décadas de 70 e 80, a temática da “casa mal-assombrada”, tais como “Horror em Amityville (1973), Os Inocentes (1963), A Casa da Noite Eterna (1973), The Changeling (1980) e etc. E se ancoraria também no “baseado em fatos reais” como uma ferramenta de convencimento do público, que aqueles eventos sobrenaturais, realmente teriam acontecido. Com um excelente trabalho de roteiro, cast, efeitos e trilha, o filme fez um grande sucesso, gerando continuações e outros filmes deste mundo, o tal do “Invocaverso”. Entretanto, vou falar especificamente do quarto e supostamente último filme dessa saga, no qual assisti ontem (04 de setembro) no cinema. Mas antes, vamos para uma pequena sinopse.

Sinopse:

Invocação do Mal 4: O Último Ritual marca o desfecho da franquia de terror iniciada em 2013 por James Wan. Os filmes são inspirados nas investigações sobrenaturais do famoso casal de paranormais norte-americanos Ed e Lorraine Warren, interpretados por Vera Farmiga e Patrick Wilson. Neste último capítulo, os Warren enfrentam mais um caso aterrorizante, desta vez envolvendo entidades misteriosas que desafiam sua experiência. Ed e Lorraine se veem obrigados a encarar seus maiores medos, colocando suas vidas em risco em uma batalha final contra forças malignas. O filme promete encerrar a história dos investigadores com suspense e momentos de tensão, consolidando a franquia como uma das mais populares do gênero. Além dos sustos, o longa também explora o relacionamento do casal, mostrando sua força emocional diante das adversidades.

Uma vez que nos situamos sobre o filme e a franquia, agora vamos para as minhas considerações e críticas ponto a ponto:

História

Algo que longo de toda a experiência deste longa, é que a trama nunca engrena de fato. Você sempre fica numa expectativa de que em algum momento haverá a inserção da tensão, do clima de medo e terror, porém isso nunca ocorre. E quando parece querer engrenar e envolver o espectador, já estamos no final do filme.

O enredo repete fórmulas dos filmes anteriores: a família assombrada, a pessoa possuída, o cético, um padre, e até mesmo cenas que remetem a filmes anteriores, na qual eu poderia citar uma que ocorre no porão da casa dos Smurls, onde uma personagem repara que no quadro há a presença de uma entidade, algo que nos remete a uma cena marcante envolvendo a Valak e a Lorraine no Invocação do Mal 2. Essa cena do porão me demonstrou uma exemplificação gigantesca da total falta de criatividade dos roteiristas.

Um equívoco dessa obra é a tentativa em demasia de explorar o relacionamento familiar dos Warren, porém agora com uma Judy adulta e seu namorado. A exploração deste elemento familiar é bem-vindo para a construção dos personagens, mas aqui é feito em demasia, a ponto de se perder a essência do terror.

 Personagens

Uma grande falha dos roteiristas foi a idealização da inclusão de muitos personagens incluídos na trama, tais quais: a família Smurl que já é numerosa, a Judy adulta, o namorado da Judy, etc). Eles incluem diversos personagens na história, mas nenhum tem protagonismo ou acrescenta algo realmente à trama. Me parece que os roteiristas pensaram o seguinte: “Opa, vamos incluir personagens, porque com mais personagens teremos mais riquezas na história e mais coisas para falar”. No entanto, essa demasia de personagens com nada a ser destaco, faz com que todas as partes negativas do roteiro e do filme se destaquem para um público mais atento.

A única força de personagens está no casal Warren, interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga, que de fato cumprem muito bem seus papéis dentro das limitações do roteiro. No entanto, com uma ressalva que não são tão bem aproveitados como poderiam ter sido.

Referências e escolhas criativas

Simplesmente não consegui entender a tentativa de inserir a Annabelle em algum momento deste filme. Pois é, a Annabelle surge mesmo que brevemente nesta história, ao meu ver, como uma medida desesperada para agradar fãs e dizer: “Olha, colocamos a boneca no filme, tá?”

A inclusão do espelho assombrado como um recurso de criação de um elo entre os Warren e os Smurls, na minha opinião, é mais um sinal claro da falta de criatividade e inventividade dos roteiristas, que não conseguiram pensar numa ideia com os pés na realidade e se recorreram a um elemento do sobrenatural para criar essa ponte. Entretanto, trata-se de mais um elemento que simplesmente não convence.

Vera Farmiga e Patrick Wilson são uma das únicas coisas positivas em “Invocação do Mal 4: O Último Ritual”. Como sempre, tem uma atuação competente e uma química única. Entretanto, poderiam ser melhores aproveitados com um roteiro minimamente bem construído.

Aspectos técnicos

CGI decepcionante: quando vi o trailer pela primeira vez, eu já tinha indícios ruins do trabalho de CGI e a inclusão deste fator na franquia, e o receio se confirmou. O problema maior é que o CGI tira totalmente o impacto visual e assustador das entidades, anulando o efeito de terror. Uma grande tragédia! A escolha por efeitos práticos e por grandes profissionais de maquiagem, teriam ajudado a salvar algo deste filme.

Falando no trailer… ele entrega praticamente todas as cenas de impacto, reforçando duas coisas: a escassez dessas cenas de impacto no filme, fazendo com que todas fossem para o trailer com o intuito de atrair o público, e a previsibilidade, pois para quem já assistiu o trailer, saberá o que vai ocorrer logo a seguir.

Por último sobre os aspectos técnicos, me desagradou a tentativa de sustentar ritmo com diálogos recheados de pequenas piadas e escolhas de trilha sonora, mas novamente sem impacto ou autenticidade.

O verdadeiro terror desse filme está no CGI, pois o CGI é muito ruim. Acima a representação de uma das entidades demoniânicas presentes na história. As entidades não possuem nenhum impacto e isso se deve ao péssimo trabalho do time de efeitos visuais.

Cenas e destaque do final

Gostei unicamente de uma cena em todo esse filme, que é uma de uma entidade que surge na cama, posteriormente no mesmo episódio, surge uma outra entidade enquanto uma das filhas dos Smurls vê algo na TV (não vou detalhar para não dar spoilers). Esse é o único momento realmente marcante e que me deu algum susto. No mais, fica para a próxima!

Impossível não falar do final, porque ele é apressado, mal desenvolvido, sem impacto de medo ou então de emoção. Mas para quem não viu quase nada de positivo em mais de 02 horas de filme, o final ser ruim era já uma certeza.

Conclusão

“Invocação do Mal 4” se apresenta como mais uma dessas “cartas de amor aos fãs”, mas que na prática só justificam a produção de filmes fracos e medíocres do cinema atual, feitos para um público pouco crítico e pouco exigente. É um filme sem impacto, nada criativo, com roteiro fraco e CGI mal feito.

Nota do filme:

Poster oficial de “Invocação do Mal 4: O Último Ritual”

Publiquei no meu canal do Youtube uma crítica em forma de vídeo sobre este filme:

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