Se tem uma coisa que molda quem a gente é, essa coisa é a cultura. E uma das manifestações culturais que mais nos molda ao longo de nossa vida, trata-se da música. Pelo menos comigo foi assim. As bandas que ouvia, os discos que repetidamente escutava, os clipes e shows que assistia na TV ou em DVD’s com meu irmão… tudo isso ajudou a formar meu caráter, meus gostos e minhas ideias. E resolvi compartilhar aqui com vocês as 10 bandas que, de alguma forma, me moldaram. Algumas chegaram cedo, outras só vieram na minha vida adulta. Mas todas elas deixaram uma marca.
Mais do que meramente indicações de bandas, quero que vocês façam juntamente comigo uma jornada pessoal pela música. Em breve pretendo fazer um texto como esse, porém ao invés de bandas, cantores que eu simplesmente aprendi a admirar e que também moldaram meu gosto musical. Enfim, vamos conhecer as 10 bandas que moldaram meu caráter:
1. Queen
A primeira banda que amei assim que escutei foi o Queen. Eu amava ver a desenvoltura do Freddie Mercury no palco e gostava do som da guitarra representada pelo brilhante e competente Brian May. Adorava ouvir hits como “Bohemian Rhapsody”, “Under Pressure”, “Don’t Stop Me Now” e “I Want to Break Free”.
Tive meu primeiro contato com Queen bem cedo, creio que aos 9 anos, justamente quando comecei a gostar de rock sob influência do meu irmão, Junior. Ele gostava bastante de Queen, e passei a gostar ainda mais da banda através do DVD Queen Rock Montreal, que foi um show da banda em 1981 no Canadá, onde Freddy Mercury tem uma performance formidável cantando os principais hits do grupo. Foi a primeira grande banda da qual me tornei fã. Curiosamente, hoje em dia quase não ouço mais Queen, apesar de ainda gostar muito. Já as razões de não ouvir tanto Queen quanto escutava antigamente, para mim tornou-se verdadeiramente um mistério. Por qual razão não ouço Queen como antes? Pois é…realmente não sei. Uma coisa eu sei: enquanto escrevia esse texto eu coloquei o DVD do show em Montreal para escutar.

2. Pink Floyd
Com certeza uma banda que me fez questionar o mundo e abrir meus olhos para outros temas além da música foi o Pink Floyd. Lembro de quando vi pela primeira vez o clipe de “Another Brick in the Wall” e foi simplesmente impactante a mensagem daquele clipe. A crítica ao sistema educacional, a busca pela liberdade, a ideia de como o sistema tenta nos padronizar… tudo aquilo me marcou. Até hoje vejo como absolutamente nada mudou na nossa sociedade. Continuo enxergando vários indivíduos padronizados e obedientes, atualmente muito mais que antes, isso por conta das redes sociais. Hoje, as telas dos smartphones substituíram os quadros-negros, moldando opiniões por algoritmos que nos mostram apenas o que confirma nossas crenças. O controle não é mais direto, mas tornou-se invisível, alimentando bolhas ideológicas e abafando o pensamento crítico. Assim como na música, seguimos empilhando tijolos num muro que nos isola da complexidade do mundo. E tudo isso, cada dia que passa me parece mais insano o controle e domínio do sistema sob às pessoas que assistem tudo de camarote e dando amém. Eu particularmente, infelizmente, não vejo perspectiva de melhoria.
Voltando a falar de música, além de “Another brick in the wall”, gostava também de ouvir “Wish You Were Here”, uma música poderosíssima e com um violão que toca realmente a nossa alma. Dito tudo isso, então seria impossível não citar essa banda, porque foi com o Pink Floyd que percebi que o rock podia ser muito mais do que “som alto e guitarra”. Encontrei nesta banda um espelho para as minhas próprias reflexões. O rock, na minha opinião, vejo até hoje que uma poderosa forma de protesto, grito e também de expressão. E você, o que pensa disso? Pink Floyd também lhe despertou alguma reflexão mais profunda?

3. Creedence Clearwater Revival
Creedence é com toda certeza uma das minhas bandas preferidas e talvez a que mais ouço. Posso dizer claramente que moldou meu caráter, apesar de ter conhecido a banda já na vida adulta. Creedence sempre está nas minhas playlists e por isso, escuto quase todos os dias.
Uma coisa interessante sobre a banda é que considero o Creedence como uma das bandas com maior quantidade de hits no mundo. Poucas bandas têm tantos clássicos quanto eles. Dentre esses hits gosto muito de “Cotton Fields”, “Who’ll Stop the Rain”, “I Heard It Through the Grapevine” e “Have You Ever Seen the Rain?”. Essa última sendo com certeza a música mais conhecida do grupo e que foi regravada por incontáveis outros artistas.
Uma outra curiosidade particular entre Creedence e eu, é que a banda aparece no meu atual livro de terror, Bootzamon, onde a personagem principal da história, chamada Naomi, liga o rádio e naquele momento está tocando Creedence. Fiz isso não somente para criar uma ambientação musical para aquela cena, mas também de certa forma ambientar o leitor com o período histórico onde o terror ocorre, sendo a história ambientada nos anos 60. Período este que o Creedence fazia um enorme sucesso e era tocado em diversas rádios dos EUA e fora dele. Ou seja, para mim a banda não é somente um gosto, mas sim, uma referência.

4. Black Sabbath
A banda que fez me sentir parte de uma comunidade foi o Black Sabbath. Quando ouvi o Ozzy pela primeira vez, percebi que o que eu gostava mesmo era de Rock n’ Roll. Lembro que meu primeiro contato com a banda britânica foi através do meu irmão, Junior. Isso eu deveria ter uns 9 ou 10 anos de idade. Ele além de ouvir os CD’s da banda, colocava repetidamente um DVD chamado “The Black Sabbath Story Volume I 1970 – 1978”, que era basicamente uma espécie de documentário com alguns integrantes falando sobre a história da banda. No entanto, além de ter estes pequenos depoimentos, tinha as músicas que eram basicamente recortes de alguns shows do Black Sabbath nos anos 70. E eu curtia muito assistir esse DVD com meu irmão. Ah, eu tenho até hoje esse DVD guardado na minha casa e pretendo não me desfazer, pois faz parte da minha vida.
Tenho uma lembrança guardada aqui na minha memória de quando assistia esse DVD com ele, meu irmão me pedia o seguinte: “imita a cara do Ozzy”, e eu fazia as expressões dele, e ele morria de rir. Isso porque para quem não conhece o Black Sabbath, o Ozzy nestes shows fazia umas expressões faciais que eram simplesmente absurdas. E eu pirava vendo aquilo! É uma lembrança pra mim muito afetiva e bastante formadora. Para quem não sabe, meu irmão infelizmente já faleceu, então guardo com bastante carinho essas pequenas lembranças que tenho de momentos compartilhados com ele.
Das músicas do Sabbath, as que mais me marcaram foram: “War Pigs” (que tem uma forte mensagem anti-guerra), “N.I.B.”, “Children of the Grave”, “Paranoid” e “Changes”. Essa última (Changes) tem uma letra maravilhosa sobre o luto, a saudade e mudanças significativas em nossas vidas. Recomendo demais você escutar ela e as outras que mencionei. Além disso, recomendo que ouça os álbuns Black Sabbath, Sabbath Bloody Sabbath e Master of Reality.

5. Iron Maiden
Iron Maiden entrou na minha vida também por influência do meu irmão, mas também por intermédio do meu primo, o Marcelo. Ambos eram fãs da banda e viviam colocando a banda britânica para tocar em casa. No caso do meu primo eu me lembro dele colocando pra tocar os vinis do Iron Maiden quando eu tinha uns 7 anos de idade mais ou menos. Eu, claro, naquele momento não entendia muito bem sobre a banda, sequer tinha algum gosto musical ainda, porém posteriormente, já com meus 9/10 anos, meu irmão veio a apresentar a banda, logo, terminei gostando e gosto até hoje.
Atualmente é uma das bandas que mais ouço no meu dia a dia. Do Iron Maiden eu me simpatizo com absolutamente tudo da banda: as letras, a estética do grupo, a competência de todos os integrantes da banda, a qualidade dos shows (mesmo nunca tendo ido a um show do Iron, já assisti muitos deles através de DVDs ou então pelo YouTube), curto muito o vocal do Bruce Dickinson, que defino sendo uma voz muito poderosa. E as capas dos álbuns? Puxa, são simplesmente as melhores capas do rock! Uma coisa que acho incrível do Iron Maiden é que a cada ano que passa, parece que a banda fica cada vez melhor, igual vinho. A banda simplesmente parece não envelhecer.
Curto muito os demais produtos do Iron Maiden, tanto que tenho umas 8 ou 9 camisetas da banda atualmente. Minhas preferidas músicas preferidas do Maiden são: “The Number of the Beast”, “Wasted Years”, “Run to the Hills” e “Aces High”. E você, quais músicas você gosta?

6. Deep Purple
Deep Purple tem uma pegada psicodélica que me faz viajar. Não sei muito bem qual foi o momento exato que passei a gostar de Deep Purple. Meu primeiro contato com o grupo britânico também foi na infância, mas naquela época o Deep Purple ainda não tinha entrado na minha mente. Isso só veio a ocorrer mais pra frente, já durante algum momento da minha vida adulta.
Meu gosto por Deep Purple é decorrente da musicalidade da banda, algo que entendo que é genial. Uma mistura de heavy com psicodelia que me prende totalmente. Um grande exemplo disso é a música “Child in Time”. Simplesmente não consigo ficar parado quando ouço essa música. É ouvir “Child in Time” e ser tomado por uma grande vontade de balançar a cabeça de uma maneira violenta como se tivesse sido possuído por alguma entidade.
Minhas músicas favoritas são: “Child in Time”, “Perfect Strangers” e, claro, “Smoke on the Water”. Uma banda obrigatória para quem gosta de rock!

7. AC/DC
AC/DC eu ouço desde criança. Diferente das bandas que citei anteriormente , não necessariamente passei a gostar dela por influência direta do meu irmão, mas sim, porque a música “TNT” fazia parte da trilha sonora (playlist) do jogo Tony Hawk’s Pro Skater 4, que eu jogava no meu PlayStation 1. Eu curtia demais o som quando tocava ela no game. Já na vida adulta passei a escutar mais e mais e sou simplesmente fascinado por cada álbum dessa banda.
AC/DC é uma banda inconfundível: basta você ouvir os três segundos iniciais da guitarra do Angus Young para saber que é AC/DC que está tocando. Tem um padrão sonoro, uma assinatura musical, que é puro estilo. Quanto as músicas da banda australiana, gosto muito de “Highway to Hell”, “TNT” e “Back in Black”.

8. The Beach Boys
The Beach Boys eu descobri nas minhas “sessões noturnas”, quando costumo explorar bandas e álbuns mais a fundo. Isso costuma acontecer quase sempre durante as madrugadas que não consigo pegar no sono. Então costumo explorar novas bandas ou cantores. E uma certa vez, escutei alguma música do grupo e foi simplesmente transformador. Ao dar play no álbum “The Beach Boys – Pet sounds” eu fiquei encantado e passei a ouvir outros álbuns da banda americana.
The Beach Boys é uma banda que me impressiona pela quantidade absurda de hits que lançaram e pelas melodias maravilhosas, que faz você sentir vontade de pegar uma prancha, ir para Califórnia e não voltar nunca mais para o Brasil! Ah, não poderia deixar de citar que nesta semana, fiquei profundamente triste com a notícia do falecimento do Brian Wilson, um dos líderes da banda e um dos maiores compositores da história da música.
Gosto muito das músicas: “Surfin’ USA”, “Good Vibrations”, “God Only Knows”, “Surfin’ Safari” e “Barbara Ann”. Recomendo fortemente os álbuns Surfer Girl, Pet Sounds e Surfin’ Safari.

9. Bee Gees
Bee Gees é outra banda que conheci nessas minhas “sessões noturnas”. E é uma das que mais ouço no meu dia a dia. Normalmente, quando estou indo trabalhar, coloco Bee Gees para tocar e vou quase que ouvindo todos os hits um atrás do outro. Ou seja, Bee Gees costuma acompanhar meus momentos de tédio no trânsito insano da capital paulista, seja na ida ou na volta pra casa.
Uma influência positiva muito importante que Bee Gees me concedeu, foi que através deles que me interessei em conhecer ainda mais outros grupos dos anos 60 e principalmente 70. Principalmente e mais especificamente do gênero “Disco”. Através dos Bee Gees conheci “KC & The Sunshine Band”, “ABBA”, “Earth, Wind & Fire”, “The Trammps” e entre outros.
Sou apaixonado por praticamente todas as músicas do Bee Gees, porque o grupo não tem nenhuma música ruim ou mais ou menos, mas gosto mais particularmente destas aqui: “How Deep is Your Love”, “More Than a Woman”, “Massachusetts”, “I Started a Joke”, “Night Fever” e “To Love Somebody”. Quem ouve Bee Gees e não sente vontade de sair dançando, simplesmente a alma já morreu e só falta alguém decretar a morte.

10. Sepultura
Pra fechar a minha lista de 10 bandas que moldaram o meu caráter, não poderia deixar de citar uma banda brasileira. Acima de tudo não só uma banda que me representa muito, mas que representa demais a cena do rock nacional.
Sepultura eu gosto demais por causa do som pesado, da energia da banda que pode ser traduzida através da música “Roots Bloody Roots”, mas também pelas letras de protesto como “Territory” e “Refuse/Resist”. Algo que acho importante de ressaltar também, trata-se de como a banda também pegou elementos da música e da cultura brasileira e colocou dentro do seu som, contribuindo ainda mais em colocar o Brasil no mapa mundial.
Sepultura, pra mim, é a melhor banda do rock nacional e também a mais importante. Ah, gosto tanto da formação original com os Cavalera quanto da formação atual.

Chegamos ao final desse meu texto e não poderia deixar de citar o quanto eu me senti feliz em compartilhar com vocês essas 10 bandas. Mas não somente isso, fiquei muito feliz em recordar alguns momentos da minha infância e principalmente algumas memórias do meu irmão. Sendo assim, gostaria de dedicar esse texto em homenagem ao meu irmão Junior. Ele foi responsável direto por muitas das bandas que conheci, mas ele foi um influenciador direto de outras coisas que aprendi a gostar ao longo da minha vida, uma delas que poderia citar sem ser a música, foi o cinema. Ou seja, muito do que abordo aqui no site veio por intermédio do meu irmão. Então, meu muito obrigado, Junior! Fica aqui essa mensagem e essa homenagem!



Rafael da Silva Pereira nasceu em São Paulo, capital, atualmente cursa História pela Universidade Estácio de Sá. Fascinado pelo lado sombrio do horror desde muito jovem, encontrou no terror clássico sua principal fonte de inspiração — influenciado por obras cinematográficas como Halloween (1978), Sexta-feira 13 (1980) e O Massacre da Serra Elétrica (1974).
É autor do livro “Religiões UFO: ufolatria que invade mentes”, publicado pela Editora Cia do Mistério, onde investigou com rigor histórico e olhar crítico as manifestações religiosas ligadas ao fenômeno ufológico.
Além da escrita, Rafael também é divulgador científico e editor-chefe da Revista Giordano, dedicada à difusão da ciência com uma abordagem acessível e interdisciplinar.
Está escrevendo agora seu primeiro terror chamado “Bootzamon”, no qual Rafael dá voz às sombras que sussurram por entre milharais, casas e estradas de Black Hollow. Mais do que uma história de terror, este livro é um mergulho no imaginário de uma América rural marcada por segredos antigos, pactos silenciosos e um mal que nunca desaparece — apenas espera a próxima colheita.