Avi Loeb sobre OVNIs: “É possível que existam dados confidenciais do governo que ainda não vimos”

“Se encontrarmos qualquer evidência de vida extraterrestre isso mudará o futuro e, talvez, possamos caminhar juntos pela percepção de que somos todos parceiros iguais na espécie humana. Não achem que tudo gira ao nosso entorno. Continuem curiosos, afinal, algum dos leitores pode ser quem nos ajudará a encontrar esses extraterrestres” – Avi Loeb, em entrevista para Rafael da Silva Pereira, ex editor-chefe da Revista ALPHA.

Quem é Avi Loeb?

Abraham Loeb, mais conhecido na sua infância como Avi, desde quando ainda era uma criança em Israel, sua terra natal, já tinha grande interesse por questões profundas da nossa existência, seja pelo ponto de vista filosófico ou então pela perspectiva da ciência. Conforme dito aqui mesmo nesta entrevista que você irá ler, devemos ter vivo dentro de cada um de nós a curiosidade de uma criança, que está em busca de respostas para perguntas extremamente difíceis, e assim, a partir deste pensamento iniciou a trajetória de um dos mais destacados nomes da ciência atual.

Avi é um físico teórico e trabalha com astrofísica e cosmologia. Ele também é professor de Ciência na Universidade Harvard, além de ser catedrático do Harvard Astronomy Department (desde 2011), catedrático do projeto Advisory Committee for the Breakthrough Starshot – que visa lançar espaçonaves leves em direção às estrelas mais próximas usando um poderoso laser (desde 2016), diretor fundador da Black Hole Initiative em Harvard – sendo este o primeiro centro interdisciplinar mundial dedicado ao estudo de buracos negros (desde 2016), e diretor do Institute for Theory and Computation (ITC) (desde 2007) no Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics.

No entanto, sua carreira não é reconhecida apenas pelo seu belo currículo já aqui citado, porém ficou em bastante evidência a partir de 2021 quando realizou a publicação de um artigo científico que causou um grande alvoroço na comunidade científica, cujo título era: “On the Possibility of an Artificial Origin for `Oumuamua” (Sobre a possibilidade de uma origem artificial para Oumuamua). Seu paper científico lhe rendeu além de todo barulho na comunidade científica, também lhe oportunizou aparições nos principais veículos de imprensa de todo mundo. Posteriormente, o professor Loeb trouxe as informações sobre Oumuamua em forma de um livro, “Extraterrestrial: the first sign of intelligent life beyond Earth” (no Brasil publicado como “Extraterrestre: O primeiro sinal de vida Inteligente Fora da Terra”, Intrínseca, Rio de Janeiro, 2021). E nem preciso citar que o livro também tem sido bastante sucesso de vendas e gerado críticas bem positivas sobre o trabalho do professor Loeb.

Avi Loeb, físico teórico e trabalha com astrofísica e cosmologia. Ele também é professor de Ciência na Universidade Harvard. Em 2023 me concedeu uma entrevista, sendo ela uma das primeiras para o Brasil.

Entenda um pouco mais sobre o `Oumuamua

O `Oumuamua (que em havaiano significa “mensageiro de muito longe que chega primeiro”) é o primeiro grande objeto interestelar descoberto perto da Terra pelo telescópio Pan STARRS (Panoramic Survey Telescope and Rapid Response System [em português: Telescópio de Pesquisa Panorâmica e Sistema Rápido de Resposta], que é localizado no monte Haleakala no Havaí) em outubro de 2017 e `Oumuamua, mostrou meia dúzia de anomalias relativas a cometas ou asteroides no sistema solar.

Com cerca de 400 metros de comprimento, ele mostrava desvios de órbita em relação ao Sol e uma aceleração e brilho incomuns a cometas e asteroides. Até que em 2018, Loeb e seu aluno de pós-doutorado Shmuel Bialy publicaram um artigo científico na revista Astrophysical Journal Letters que deixou todo mundo maravilhado, com o título de “Could solar radiation pressure explain ‘Oumuamua’s peculiar acceleration?” (“A pressão da radiação solar poderia explicar a aceleração peculiar de ‘Oumuamua?”)

Todas as interpretações de origem natural das anomalias de `Oumuamua contemplaram objetos de um tipo nunca antes visto, como: uma nuvem porosa de partículas de poeira, um fragmento de ruptura de maré ou icebergs exóticos feitos de hidrogênio puro ou nitrogênio puro. Cada um desses modelos de origem natural tem grandes deficiências quantitativas e, portanto, Loeb levantou a possibilidade de uma origem artificial para `Oumuamua, afirmando que a mesma deveria ser considerada. Ainda acrescenta que, as anomalias de `Oumuamua sugerem que este objeto que passou por nós pode ter sido uma nave – com uma grande área por unidade de massa – empurrada pelo reflexo da luz solar; compartilhando qualidades com o artefato 2020 SO – lançado pela NASA em 1966 e descoberto pelo Pan STARRS em 2020 por exibir um afastamento do Sol sem cauda cometária.

Avi Loeb e os OVNIs

Recentemente em um paper científico publicado no dia 07 de março de 2023, o professor Loeb trouxe à tona mais um debate bastante polêmico e que gerou muita repercussão, mas agora não sobre Oumuamua, e sim, sobre OVNIs (Objetos Voadores Não Identificados). Neste paper científico desenvolvido juntamente com o Dr. Sean Kirkpatrick, diretor do Escritório de Resolução de Anomalias de Todos os Domínios, o escritório que atualmente lidera os esforços do Pentágono para estudar objetos não identificados detectados no espaço aéreo dos EUA, é sugerido no estudo que para resolver casos envolvendo tais objetos, seria necessário o uso de uma Física conhecida.

“Nós derivamos restrições físicas em interpretações de fenômenos aéreos não identificados (UAP) ‘altamente manobráveis’ com base na física padrão e formas conhecidas de matéria e radiação”, afirmam Loeb e Kirkpatrick no resumo do artigo.

 “Os físicos lutam há cinco décadas para encontrar evidências de uma nova física. Temos que respeitar as leis da física como as conhecemos”, “Não podemos simplesmente dizer para esquecer, o que minha imaginação me permitir ser possível. Essa não é uma abordagem válida. Você tem que demonstrar que este objeto está se movendo de maneiras que não podemos explicar usando a física conhecida. E então você pode considerar uma nova física. ” disse Avi Loeb ao portal The Debrief.

A entrevista

Considerado um dos maiores nomes da pesquisa sobre vida extraterrestre na atualidade, o professor Avi Loeb, concedeu uma de suas primeiras entrevistas ao Brasil para mim, Rafael da Silva Pereira, no ano de 2023 enquanto eu era editor-chefe da Revista ALPHA. Na ocasião destacou assuntos como Oumuamua, objeto descoberto por um telescópio no ano de 2017 e apontado por Loeb como possível evidência de vida inteligente fora da Terra, OVNIs e outros assuntos. Confira:

Como começou seu interesse pelo cosmos e astronomia?

Quando era jovem, me interessava muito por filosofia, mas as circunstâncias me trouxeram para a astrofísica. Vinte anos depois, eu notei que havia adentrado nas minhas duas paixões, pois há muitas questões filosóficas na astrofísica. Perguntas como “estamos sozinhos?”, “como surgimos?” e “quando a vida começou e evoluiu no universo?” são questões também filosóficas. Em geral, estou muito feliz com o que está sendo dito hoje em dia, porque sou capaz de responder a essas questões usando o método científico.

 Seu livro, “Extraterrestre: o primeiro sinal de vida inteligente fora da Terra” está se tornando muito conhecido no Brasil. O que o levou a entender que Oumuamua poderia ser uma evidência de tecnologia alienígena?

Esse é um objeto que não se parece com os que havíamos visto, até então, no sistema solar. Foi descoberto por um telescópio no Havaí chamado Pan-STARRS, cuja missão é achar objetos na órbita do planeta. No primeiro momento, não se sabia que Oumuamua era de origem interestelar, porém, isso foi percebido e reportado com base em seu movimento. Conforme mais resultados saíam, tornava-se claro que era algo pouco usual, e que alterava seu brilho como resultado da reflexão de luz solar.  Não é típico uma rocha ser tão achatada e mudar de posição no céu em um fator de 10 enquanto desloca-se. É ainda mais interessante que o objeto foi afastado do Sol por alguma força misteriosa, e não por conta da evaporação de gelo na superfície como visto em cometas, sendo que não havia cometas ou meteoros por perto. Eu argumento que a reflexão da luz solar foi responsável pelo afastamento, e que por ser fino o objeto tende a ser artificial, porque a natureza não faz objetos achatados como estes do tamanho de um campo de futebol. Três anos depois, houve um outro objeto descoberto pelo mesmo telescópio no Havaí, igualmente afastado do Sul através da reflexão da luz solar, mas que foi reconhecido como um propulsor de foguete lançado pela NASA em 1966. Sabemos que era artificial pois nós o produzimos. A questão que fica é: quem lançou Oumuamua?

Livro “Extraterrestre – O primeiro sinal de vida inteligente fora da Terra” de Avi Loeb, lançado pela editora Intrínseca no Brasil.

A possibilidade de vida extraterrestre é, frequentemente, desacreditada por membros da comunidade científica. Você acredita que muitos têm mudado a perspectiva sobre isso?

Sim. Eu estou tentando trazer o assunto ao mainstream da astronomia, afinal, as pessoas devem olhar ao céu sem preconceitos nesta profissão. Centenas de anos atrás, as pessoas costumavam pensar que estávamos no centro do universo, até que Galileu usou seu telescópio e notou que podia não ser assim. A Terra move-se em torno do Sol, o Sol move-se em torno da galáxia e a galáxia é uma entre trilhões no universo. Já sabemos, ainda, que chegamos ‘tarde’, e se você chega ‘tarde’ para jogar o jogo cósmico, você não está no centro do palco e a peça não é sobre você. Isso é o que meus colegas nem sempre compreendem, por considerarem a existência de algo como nós uma coisa extraordinária, dizendo que precisamos de evidências extraordinárias antes de discutir o tema. Eu digo o oposto: seria extraordinário se fôssemos os mais inteligentes, os únicos. Recusamos aceitar isso, e se não pesquisarmos, nunca encontraremos nada. Evidências extraordinárias requerem investimentos extraordinários, pois a pesquisa tem um custo. Se estamos investindo, por exemplo, bilhões de dólares à procura de matéria escura e tendo dificuldade em encontrá-la, é totalmente legítimo buscar objetos no céu que indiquem vida inteligente como a nossa. Enviamos cinco sondas para o espaço, sabemos que existem dezenas de bilhões de estrelas como o Sol na Via Láctea, e que a maioria delas é mais antiga que ele. Levaria menos de um bilhão de anos para um equipamento como os que enviamos atravessar a galáxia inteira, e cerca de 3% a 100% das estrelas semelhantes ao Sol possuem planetas com tamanho similar à Terra. O que temos ao nosso redor não é único ou especial – isso me leva a assumir que pode ter havido outras civilizações antes da nossa, que podem estar mortas agora devido à evolução de suas estrelas, impossibilitando que ouçamos um sinal vindo delas da mesma forma que não receberíamos uma ligação de um número de telefone inativo. Mas uma outra abordagem envolve olhar sua ‘caixa de correio’ em busca de pacotes: mesmo que o remetente já não esteja mais vivo, ainda é possível encontrar o que ele deixou. Estou liderando o Projeto Galileo, cujo objetivo é encontrar tecnologia alienígena que pode ter estado perto da Terra, produzida por outras civilizações.

O fenômeno OVNI tem sido discutido com mais frequência, tanto na mídia televisiva quanto em redes sociais. Qual sua atual posição sobre a origem destes Objetos?

Houve um relatório do diretor da Inteligência Nacional dos Estados Unidos, alguns meses atrás, ao Congresso. O relatório menciona centenas de eventos relatados por militares, envolvendo objetos de natureza desconhecida nos céus. Cerca da metade possui grandes chances de serem balões e uma pequena parte, drones. Há objetos feitos por humanos. De fato, os EUA derrubaram 4 objetos que se pareciam com balões no mês passado. Isso não é surpreendente, mas a questão do ponto de vista cientifico é: existe algum único objeto que poderia ser de origem extraterrestre? Precisaríamos apenas de um, e isso mudaria o futuro da humanidade. Sem dúvidas, o governo está interessado no assunto, pois deseja proteger a nação e a segurança dos militares. Eu, como cientista, gostaria de saber se pelo menos algum desses objetos é de natureza extraterrestre. No Projeto Galileo, construímos um observatório que monitora o céu e coleta dados através de infravermelho, na faixa ótica, em rádio e áudio, e analisamos isso com inteligência artificial e algoritmos para classificar objetos. Existem duas categorias: os naturais (meteoros, pássaros) e os feitos por humanos (balões, drones, foguetes). A dúvida é se há algo além disso. Não sabemos ainda, por causa que o primeiro observatório acaba de começar suas operações e está sendo testado ainda. Mas, no futuro, faremos outros em muitos diferentes lugares, e espero conseguir muitos dados capazes de nos ajudar a ver se há algo incomum pelo céu. Minha abordagem é prática: devemos usar instrumentos, e não testemunhos de pessoas, porque podem ser contraditórios. Apesar de ser intrigante que militares falem sobre objetos não-identificados, precisamos realmente de instrumentos como as câmeras usadas no futebol, que ajudam a confirmar se um gol aconteceu ou não.

Esta imagem de vídeo, obtida em 28 de abril de 2020, é uma cortesia do Departamento de Defesa dos EUA, mostra parte de um vídeo não confidencial gravado por pilotos da Marinha, que circula há anos, mostrando interações com “fenômenos aéreos não identificados”.
Créditos: Departamento de Defesa dos EUA via AFP via Getty Images.

O seu artigo com o Professor Kirkpatrick menciona a importância do uso de conceitos atuais da Física estarem incluídos na investigação do fenômeno OVNI. Como o uso de conceitos científicos pode ajudar a entender o fenômeno?

Temos muitos dados consistentes quanto ao que sabemos sobre a Física hoje em dia, então, toda análise deve ser iniciada com as Leis da Física como as conhecemos. Aparatos que usamos diariamente, como GPS, celulares, entre outros, funcionam muito bem por compreendermos a Física atrelada a seu funcionamento. Não é uma questão de crença, mas sim de verificar que funciona. Quanto aos Objetos Anômalos, existem dados incompletos, as imagens às vezes estão desfocadas e as distâncias não são medidas com confiabilidade. Não existem dados que sugiram a necessidade de uma nova Física… se existissem, com certeza essa pessoa receberia um Prêmio Nobel.

Qual sua opinião sobre possíveis transformações na opinião pública caso seja comprovado que não estamos sós. Isso seria bem aceito pela sociedade?

Sim, eu acredito que seria algo muito simples. Imagine que tenhamos uma imagem de alta resolução mostrando algo tecnológico que não se move como um objeto rochoso ou animal familiar aos humanos, agindo de jeitos impossíveis de reproduzirmos ou que viaje próximo da velocidade da luz, acelere rápido demais, faça coisas que não somos capazes de fazer. Com isso, não haveria escolha: todos precisariam admitir. O que costuma acontecer são casos de pessoas relatarem terem visto coisas e passado por experiências. Mas alguém pode, por exemplo, alegar que é Napoleão Bonaparte e, quando perguntado sobre sua carteira de identidade, não a mostrar – essa pessoa pode pertencer a algum hospital psiquiátrico. Por outro lado, se houver evidência que não deixe dúvidas, o público ficará convencido, e a comunidade científica também. Até o momento, os dados não têm a melhor qualidade. É possível que existam dados confidenciais do governo que ainda não vimos, eu não vi esses dados, razão pela qual quero coletá-los. Se há algo incomum, acharemos isso com os instrumentos do Projeto Galileo.

Qual seria a maior dificuldade que teríamos em caso de contato com seres extraterrestres?

O maior desafio é “o que fazer quando você tem um visitante? ”. Eu não acho que seria tarefa de algum comitê pensar sobre cenários, pois isso seria limitado pela nossa imaginação humana e as experiências que já tivemos. Nunca tivemos tal visita. Seria muito mais útil coletar informações do visitante e primeiro aprender o que ele busca, com o que ele se parece e o que ele faz. E apenas depois disso decidir se a presença representa um risco. Minha recomendação é sermos passivos no começo, observar e, caso encontrada uma tecnologia extraterrestre, poderíamos usar nossos próprios sistemas de inteligência artificial para interpretar os deles. Eu ficaria extremamente entusiasmado se algo assim ocorresse, pois poderíamos aprender sobre tecnologia do futuro, coisas que ainda não desenvolvemos. Seria uma oportunidade para sermos melhores. Não acho que se trata de uma ameaça, mas sim o contrário: podemos aprender através do que descobrirmos. Para empresários, poderia representar uma oportunidade para ganhar muito dinheiro, logo, espero que sejamos patrocinados por aqueles que perceberem o potencial disso.

Cena do filme “A Chegada” (The Arrival) da Paramount Pictures. Um dos tópicos que o filme apresenta é justamente sobre as dificuldades de um contato oficial com seres extraterrestres, tendo ênfase nas barreiras linguísticas desta interação entre homem e alienígena.

Qual nosso lugar no cosmos e qual a razão para nossa existência?

Steven Weinberg, foi um dos mais renomados físicos do século passado. Ele escreveu o livro “Os Três Primeiros Minutos: Uma análise moderna da Origem do Universo”, onde menciona que “quanto mais abrangente o universo se torna, menos sentido parece ter”. Eu discordo completamente, e creio que a razão de não haver sentido a quem estuda o universo no campo da cosmologia, é o foco deles em objetos sem vida, como partículas elementares. Se encontrássemos uma civilização como nós, senciente, seria equivalente a um solteiro achar seu parceiro de vida. É dar sentido à vida, dando sentido ao universo. É uma transformação pela qual a humanidade passaria, deixando de lado uma perspectiva passada e permitindo que o ‘parceiro’ nos ensine o que sabe, talvez até ajudando a encontrar um propósito maior. Creio que uma civilização tecnologicamente avançada pode soar como “Deus” para nós, em termos religiosos. É o mesmo que mostrar um celular a um homem das cavernas, que pensaria tratar-se de um milagre. Procurar pelo desconhecido é uma marca da espiritualidade, por isso, acredito que o caminho para unir coisas buscadas na religião e a pesquisa científica reside no encontro de uma civilização muito avançada cientificamente, que nos traria a ciência e aquilo que – no passado – tratamos de maneira religiosa.

No Brasil, vemos um avanço no uso de figuras supostamente extraterrestres para fins religiosos, bastante idealizadas e tratadas como salvadores. O que pensa sobre?

Penso que há uma necessidade humana pelo encontro de um propósito na vida e de algo maior que nós, o que é percebido nas religiões tradicionais, na forma de Deus. Do mesmo modo, algumas pessoas adaptam seu sistema de crenças extraterrestres, servindo o mesmo propósito. Podemos imaginá-los sendo muito mais tecnológicos que nós, com mais conhecimento e mais capacidades. Eu, como cientista, não quero satisfazer alguma necessidade: quero apenas descobrir o que há na realidade; então, se há objetos lá fora que vieram de outra civilização, devemos poder vê-los. Não é uma questão de religiosidade, mas sim uma abordagem prática. 

Qual mensagem você quer deixar aos brasileiros, em especial aos interessados na vida fora da Terra?

A coisa mais importante da vida é manter sua curiosidade de infância. Eu me recordo de perguntar coisas difíceis na mesa de jantar e os adultos fingirem que isso não era tão relevante, por não saberem as respostas. Me tornei um cientista para ser capaz de respondê-las, sem precisar das respostas de outras pessoas. O que acontece quando viramos adultos é que começamos a fingir que sabemos, pois estamos muito atrelados ao ego – por outro lado, as crianças simplesmente exploram tudo com sua mente de iniciante, tal como no Zen-Budismo. Elas não fingem, apenas buscam as respostas, cometendo erros conforme aprendem sobre o mundo. Gostaria de estimular a todos a não fingirem saber mais do que vocês realmente sabem, e a serem sempre curiosos. Se encontrarmos qualquer evidência de vida extraterrestre isso mudará o futuro e, talvez, possamos caminhar juntos pela percepção de que somos todos parceiros iguais na espécie humana. Não achem que tudo gira ao nosso entorno. Continuem curiosos, afinal, algum dos leitores pode ser quem nos ajudará a encontrar esses extraterrestres…

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